segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tudo é vaidade.


Eu estava, só. Olhando para meu abismo.
O sol observava o infinito. Um grande prisco.
Porém, ele vira tudo. Desde o primeiro momento.
Então ele me dizia, para correr com o vento.

Eu, humano, falho, finito.
Eu, solitário, indeciso, aflito.
Eu, que tenho em meus olhos a noite aprisionada.
Eu, que sou tudo e ainda assim sou nada.

Ando a olhar para os cantos atinos
E corro, pois correr é meu destino,
Seguindo apenas o conselho ensolarado.
Tendo como aliado o vento, que sopra gelado.

Passo noites em claro, tenho tanto em que pensar.
Os meses passam rápido, saltando em meu calendário
Semanas são como virgens e parecem se entregar.
É o tempo meu inimigo, ou é delírio de solitário?

O sol raiou e se pôs, e vem ofegante ao lugar onde vai raiar.
O que foi, isso é o que há de ser;
O vento vai para o sul e faz seu giro para ao norte retonar.
Nada há de novo debaixo do sol, e o que se fez, isso se tornará a fazer.

Tudo tem o seu tempo determinado; Eis que tudo se faz.
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar.
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar.
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.

Livro de Eclesiastes.

O Caminho das Pedras


Abra os olhos, a voz soave disse,
Avistei pela primeira vez o paraíso.
Com árvores coloridas, queria tanto que você visse!
E rios de chocolate, era lindo. Lindo.

O céu, tinha uma cor anil de primavera.
E coelhos rosas saltitavam pela grama,
Olhavam o relógio apressados, abortoavam as gravatas.
Sapos coachavam em drama.

Tudo era tão gracioso, meus olhos se enchiam,
As ondas nasciam da orla arrebentavam em alto mar.
Minha face transformada, como Alice me sentia.
Talvez por estar facinado com tantas Maravilhas.

Haviam posto a mesa,
Elegantes talheres de luz.
Uma fina toalha tornava completa a sutileza,
Estava à espera de uma companhia.

Com sua voz estridente, ouvi-o dizer.
_Trouxeram-no ao meu lar, digam-me porque?
_Encontramos o abandonado, senhor.
Ele calou, havia algo naquela sala que não podia ver.

Fechei os olhos, e tudo havia desaparecido.
Estava só, abaixo do céu em uma negra noite,
Galhos secos em árvores mortas e ratos pelo chão.
Voltara a velha realidade, havia sobrevivido.

Pela primeira vez, visitara o País das Maravilhas.
Ele me expulsara para que eu retornasse.
Precisava que eu aprendesse o caminho,
Sem que as pedras me levassem.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Verbo Haver


Haverá outros amores, outros temores,
Frescas e belas paixões gris.
Haverá outros amantes, outros semblantes,
Pássaros em voo nos céus anis.

As flores se abrirão em setembro
Colorindo os dias de sol,
E chuvas inundarão novembro,
Transformando o ar em cor.

O vento queima minha face.
A ardência de um futuro me mantém.
A saudade atormenta o rasgo no peito,
Se houve você, haverá outros também.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Chuva de Verão


Corro...Corro...Corro. Já aponta a chuva por trás do morro.
Corre...Corre...Corre. Mais uma nuvenzinha que morre.
Abra logo a sombrinha, que a sobrinha abandonou.
Oh! O que acontece? A chuva passou.

Existir, ou não existir? Eis a questão.


Existo. E nego minha existência.
Não porque creio que dela pouco restará.
Nego-me. Pois o fardo maior é a vivência.
Envergonho-me, o SER sempre falhará.

Quero não possuir bens,
Amar alguéns,
Andar sobre o mar.

Quero não ter morada,
Ser amada,
Reinar pelo ar.

Quero expandir meu peito,
Com pequenos feitos
Me sagrar.

Existo. Mas compreendo a beleza de não existir.
Estanco minh’alma, ávida por derramar SER.
Permaneço em anonimato, como a chuva fina ao cair.
Creio que se não existo, não hei de perecer.

Quero dominar a morte,
Traçar meu norte,
Dormir sob o luar.

Quero sagrar-me herdeiro
De lobos e cordeiros.
Me auto-desafiar.

Quero crer que existo,
Sou mais que isto,
Que me forçaram a acreditar.

Existo. E dispo-me de minha existência.
Barganho-a por minha essência, que jamais me deixará.
Estou desnudo e aprisionado a minha consciência.
A prova mais concreta, de que o SER sempre existirá.

Quarto Branco


Tranquei no calabouço de minha consciência
A única coisa que me vale a vida
Sorrio por ter perdido as chaves,
Contudo, é a lida. É a lida.

Se fosse te dizer algo. – Não que queiras escutar!
Diria-vos que escondi por temer o que está guardado;
Com lágrimas gritaria, o mal que vive neste jogo,
Somos nós o tabuleiro e o destino é o dado.

Posso contar seis alvas paredes,
Tantos lados que eu oculto.
Trancafiei minha lucidez.
E minha mente é só tumulto. Só tumulto.