segunda-feira, 18 de julho de 2011

Desabafo de Goethe


Um estranho a deleitar-se no ermo; Eis que este sou eu,
Vagando novamente nos desertos da guerra.
Por que meus olhos só veem o breu?
E meus pés não se desprendem da terra?

Humano, é isto que sou. Preso ao finito e a dor,
Não tenho nada de divino ou de glorioso,
Apenas pó, que faz da vida seu clamor.
Tão-somente um sopro, de um vento brumoso.

Ao choro, meus olhos pertencem há anos.
Vendidos como escravos da escuridão,
Não sei o que é ser grande, jamais serei Octaviano,
E César abandonou-me para lutar com um leão.

Tentei sagrar-me deus, de minha imaginação.
Pois, ela é única a quem governo,
Percebi-me fraco, não consegui sequer minha adoração.
Nasci para o anonimato, Brindarei o esquecimento eterno.

Humano, é isto que sou. Preso ao finito e a dor.
Não tenho nada de olímpico ou de majestoso,
Porém, fui agraciado com o dom do amor!
Ele volve-me de nobreza, faz-me ser grandioso.

“É certo, afinal de contas, que neste mundo nada nos torna necessários a não ser o amor."
Johann Wolfgang von Goethe