sábado, 26 de maio de 2012

O flúmen



Ao som, que os olhos produzem no piscar silencioso,
Ponho-me a sopesar, sem alento e sem pudor.
Sou um flúmen de calor, ardente e auspicioso.
Uma chama que consome o ar, o amor.

E quando o frio, refuta-me em arrepios,
Padeço de desejo, como a pólvora em pavios.
O ar infla meus peitos, rosados e endurecidos.
Irrigando o sangue; fervoroso, enrubescido.

Eu vou me inundando; afogando-me em vontades,
Entregando-me, sem querer, aos devaneios.
Tão vaidosa, e aflita, mergulhada em lisonjeio.
Desprovida de caricias, de lealdade.

Amargando o silêncio nebuloso, e solitário.
Sinto que refugio um caudaloso rio de excitações.
Uma correnteza que não posso conter. Meu calvário!
E fico umedecida, enlouquecida; atormentada de sensações.

Quanto mais tento conter minha grandiosa fonte límpida,
Maior, descubro ser, o volume dos lençóis que a compõe.
É tanto frenesi a ser escoado, tanto líquido que dispõe.
Que não há mar na terra que o comporte; e me mantenha acolhida!