sexta-feira, 30 de abril de 2010

Inocência de alma conspurca?

A par de seu nascimento,
já estava alegre no útero
O pequeno coração em movimento
Sem saber de seu futuro

De um gracejo irreverente
surgiu a criatura;
De feições tão sorridentes,
Alma bela e muito pura.

Neste momento vou fazer,
uma intromissão
Para ouvir esta história
deve abrir o coração
Usar bem a memória
[e a imaginação]

Dando continuidade
Permita –me que lhe diga,
Existe mesmo santidade?
Ou é isso coisa antiga?

A resposta é demorada
E um pouco indecente;
Seria Inocência,
realmente inocente?

A pergunta ficou a vaguear
Devo então complementar
Inocência é a moça,
de quem a história vai falar

A moça era quase perfeita
[disso todos tinha certeza]
Havia também outra convicção,
Nela havia tanta beleza
Que lhe ofuscava o coração.

A doce Inocência
Começou a entender
Que mostrar-se ao inteiro
Era o outro meio esconder

Admiro-lhe a bravura
e acrescento-lhe uma missão
Poderia Inocência
mostrar seu coração?

O homem é tão injusto
e desumano se faz;
Ao ver somente o que está por frente
E o que está atrás
[esquecendo]
Fazendo com que a menina inocente
Vá se perdendo,
e aos poucos fique para trás.

Seria este o fim da narração?
Perder-se-ia Inocência
ao mostrar o coração?

A valentia da moça
aos baldões foi se perdendo;
Ao mesmo passo
Sua inocência ia se esvaecendo.

O destino de Inocência
Torna-se em demasia arriscado
Quando outro caso, ao seu é adicionado;
Seu protagonista
é chamado de Pecado

Pecado é um rapaz
que despensa descrição
Sua principal característica,
É causar a tentação

Seus braços são acolhedores,
Suas palavras convincentes
A faceta de horrores,
Perde-se nas almas ardentes

Estava Inocência a caminhar sozinha
Buscando companhia
Encontrou-se com Pecado,
sentado a olhar o chão
Sentiu nos pulsos desejo,
e tomou-lhe pela mão

Visto somente a mal grado
Infortúnio e a abastardo;
À Inocência todos diziam:
_Afaste-se do Pecado.
_Moço errôneo com caminho errado.

Inocência não se deixou,
por estas falas levar;
Nos braços de Pecado
Acabou por se refestelar

Passou Inocência a ter
Pecado como amante
Poderia ela crer,
que um moço tão bom a seu ver
Era mesmo um farsante?

Não se sabe ao certo
se era amor de verdade,
Uma vez nos braços deste,
[Deleitando-se na felicidade]
Não havia mais resgate.

Era o pecado perspicaz
Com sua mente sagaz
Aos poucos foi tirando
de Inocência sua paz

Agora é o momento
de intervir novamente;
Esqueça qualquer julgamento
E pense calmamente
Nos braços do Pecado,
que te espera calorosamente

Não me venha dizer
[por obséquio]
Que nunca houve um circunlóquio;
Entre sua alma a estremecer
e um pecado satisfatório.

Pois é bem verdade
Na arte do ajuizamento,
que partiu a santidade
Do coração em movimento?

Vou contar-lhe um segredo,
Que talvez não lhe convenha
Alma bela e muito pura;
É provável que ninguém tenha!

Devo por hora me calar,
antes que te ofenda
Ninguém quer ouvir falar
Do pecado que te atormenta;
Pois é muito simples julgar
e por nos olhos uma venda

O esplendor e a beleza de sua juventude
Eram expressos por um largo sorriso,
possuidor de grande magnitude.
Sois mais belo que as flores campestres
Na arte da mediocridade vós sois mestre

Em sorvos foi se embevecendo
Inocência de Pecado
Seu coração embriagado,
Aos poucos foi desfalecendo
E seu encanto, se perdendo.

Sois tu [Óh Pecado]
Para Inocência pior que a peste.
Lhe infecta a alma
e a beleza celeste

Roubai-vos o belo coração
Tomou para ela imperfeição
Entregando-o no altar
O altar da tentação!

E a alma de Inocência,
que era flor delicada;
A partir da displicência
Tornou-se infectada.
Sua alma se faz só
Pelo coração abandonada

Mas de fato se pensares
não era este, grande problema
já que todos os olhares
se concentravam só no emblema.

Praticamente chegando ao fim,
da longa narração
Pôde-se perceber
Que ninguém vê o coração;
dizer sim ao Pecado
É o mesmo que dizer não.

Vou terminar
Com os seguintes versos:
Seria Pecado,
realmente perverso?

Desculpe-me,
pois não achei o bastante.
Por isso devo eu,
Levá-lo a diante.

Seria Inocência,
realmente inocente?
Seria o Pecado,
um mal tão incandescente?
Ou seria somente: a natureza humana,
que possuí a alma profana?

Por fim devo dizer
que resposta não hei de dar
Mas, deixarei sua mente livre.
Livre para se explicar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Início

Como se tudo fosse uma grande aventura
O medo quer me parar,
Estou ficando para trás
Eu não posso caminhar.

Na inércia inerente do refúgio
Em um paradoxo intenso e infernal
O fim chega como em um carnaval.
Não há mais estradas a serem percorridas

Estou preso em uma ilha, cercada por um rio
Perguntas retóricas, pensamentos por um fio
Mãos e pés gelados, coração aflito.
Os olhos dizem o que já estava escrito
Isso não era o fim, era apenas o inicio.

O espelho

Frases se fazem palavras soltas
Sorrisos para encobrir a verdade.
A capa da mentira visto;
Com medo da realidade
Quando você está perto, me faço metade
Quando você está longe, não existo.

Um grito se perpetua no vácuo
mas, não pode ser ouvido.
Sua sombra surge em meio a noite,
apenas outro sonho que não pode ser vivido.

A agonia está muito mais em esquecer,
do que em lembrar
Seus olhos estão tão perto,
mesmo você estando tão distante
Um sorriso amargo surge e se vai no mesmo instante
Caminhando a passos lentos, para no céu entrar;
Acabo por intermédio no inferno chegar.

Muros surgem ante a mim
Impedindo-me de te ver
Agarro-me a tudo que me restou
a vontade de te ter.

Sorrateiramente os muros viram espelhos,
Dando-me a visão
de um homem triste, velho e impuro
Com pulsos cerrados, ao chão.


Seu grito estridente
não pode jamais ser ouvido
Depois tanto gritar em vão
de seu rosto desprendem-se lágrimas
Que aos poucos formam um grotão.

Mas que medo teria de tanta solidão?
Se a fonte que se forma nos olhos,
provém do coração.
A imagem de um anjo emerge no espelho
Trazendo-lhe mansidão
Apaziguando o coração faminto,
que agora jazia no chão.

Seu anjo não possuí asas
Pois humano se faz.
Representante de um amor,
que agora descansa em paz.

A maldição da morte
Foi quem roubou
O anjo humano do homem,
e no inferno o deixou.

O grande espelho da dor
começou a desabar.
Cacos contra o chão.
A imagem do homem a se desintegrar.

O velho coração faminto
aos poucos foi se calando;
Como em dança, no compasso
os olhos foram se fechando.

O choro se tornou indolor
O corpo se fez vazio
O rio de lágrimas secou;
A alma voou.

Era a despedida silenciosa

Era a ausência do grito

O homem que tanto amara,
e o amor havia perdido
Agora se juntara
Ao anjo que havia partido.


Thaís Milani