terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ruas de Lágrimas


Há um grande edifício
Abrigado em meu olhar
Não há nos rosto indícios
Nem alugueis a se cobrar

Tantas ruas já andei,
Sem ter onde morar
Muitas delas provoquei,
E outras tantas ei de causar.

Mergulhei nas moradias
Tão salobras e tão frágeis
Alimentei dia após dia
Com angústia ou risos ágeis.

Pouco se sabe destas ruas
Não preciso eu saber
O sabor que dela sobra
A dor da alma dobra
Traz um novo amanhecer.

Caminhei nelas em tantas luas
Conheço bem cada pedrinha
Observei-a quando nuas
Limpei-as sempre sozinha.

Fui um grande zelador
Sempre as tratei com todo amor
Sempre foram minhas ruas
Cada uma das duas
Cobertas de esplendor

Penso eu na noite cortante
Em que o frio açoita meu ser
O quanto são importantes
As ruas do meu viver?

Os ladrilhos que as compõe
São chamados sentimentos
Não há quem as sobrepõe
Em um momento de sofrimento

Os ladrilhos que as compõe
Tem o nome de alegria
Não há que se impõe
Ao riso que contagia

Os ladrilhos que as compõe
Tem sabor de vitória
Não há ser que não dispõe
Ruas surgidas da glória

Na noite cortante reflito
Estas ruas tão bem-vindas
Causam por vezes conflitos
Nesta vida desvalida
Onde os ladrilhos são aflitos
Perante desatinos da lida.

Na noite cortante apedrejo
O que a mim coube entender
As ruas que eu despejo
Cada uma irei colher

Lágrimas logradas do mundo
Defraudei sem perceber
Lágrimas logradas do mundo
São as ruas quais vou viver.

Um comentário:

Anônimo disse...

Os ladrilhos correspondem aos momentos da vida?
Não é pelo título, mas senti um pouco de tristeza no poema, talvez angustia.




Paulo.