quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Dois Princípios


Desprendo o corpo no precipício,
Não é argumento ou saída, o que se chama suicídio.
Jamais depredaria minha própria lama ao ponto
De matar-me por desejo ou consagrar-me santo.

Depois de noites na agonia e no relento
Descubro-me vivo por um intento
Uma simples linha traçada com rigor,
Que separa em minha vida: o real e o estupor.

A simples presença acalentadora
Insana busca em uma existência predadora.
Algum ser ensandecido á procura do ensejo
Cujo lhe foi entregue o ar e tomado o desejo.

O choro na noite aflora
Na flora da densa floresta afora
Um animal enclausurado na dor
Dois princípios tão inversos e de tamanho ardor.

O real é a maldade, comungada ao amanhecer.
Que é convertida em bonança logo ao entardecer
O calor que sol desposa, é inflamar e ver-se sonho,
A realidade transfigura-nos, vejo-me como estranho.

Estupor de minha história! Tomastes minhas dores?
Sequer pensei eu, em perder-me por amores.
Tu bem sabes que o anseio, como o pó deleita ao vento.
Aprisiona-me em teu Reino da Fantasia e será meu melhor invento.

Nenhum comentário: