quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pedras Lacrimejantes


As cores dos olhos vibram no desejo. Turmalinas, esmeraldas e opalas, todas joias moldadas para atender ao lindo quadro envoltório, o rosto. Estamos aprisionados a uma corrente dourada, que se intercala por vontade própria em nosso pulso e o consome, solidificando-se com uma marca única, o medo. Somente pedras fortes o farão se desmantelar.
Precisamos deixar nossos olhos polidos e esmaltados, com cores sobreas e vindouras. Carecemos deixar que o brilho escape, seja capitado e adorado por quem esteja ao redor. Há um débito impagável com nossa alma cativa, de deixa-la livre para inspirar o ar eloquente e deixar-se contaminar pela displicência, de não ser apenas ser e aprender a essência.
Há tantos anseios, tantos desejos e simplesmente nos deixamos por eles aprisionar. Estamos todos em uma ilha de espelhos, que iludem a alma e a faz prantear, lançando-se no abismo da loucura e afogando-se sem mar.
As pedras que herdamos, são singelas e simplórias, e necessitam que haja mãos hábeis que as possam lapidar. Não tomarão forma de luz, de dor ou de indecência. Sequer abrir-se-ão depressões, nostalgias e tristezas. Jamais cobiçarão além do anonimato, da avidez e da grandeza. Estabelecer-se-ão com rastros, pegadas alheias. Não se pode seguir, ou prever nem ao menos torna-la absoluta, como riscos do mármore.
Essas joias são preciosíssimas, e cada um possui a sua. Adquiri-las é um dom e abençoado seja quem as doa e recebe. Quando marejadas expurgam a maldade, atropelam a malícia e fazem nascer seu próprio Reino. O lugar onde se vive da maneira mais eficaz, onde se perder entre os sonhos trás a alma alegrias e paz.
Não são as janelas da alma, são a própria. Concentra em seu cerne o deleitoso dever de deixar-se ler, de transmitir o que está oculto e transparecer o que o corpo clama. O maior arguto que delas provém, derrama existência, encharca a terra onde os pés sobrevêm. Em sua humilde presença transpira o calor, que pode matar em afogamento e tormento com uma piscadela de amor.
A perfeição permanece em sua clausura, em algum lugar intangível. Todavia criara súditos, com os mais diversos extintos. Guardiãs de sonhos e tristezas, intransponíveis, indecifráveis, enlouquecedores e amáveis. Um código escrito na língua do encanto e que canto nenhum quebrará. Os libertadores de qualquer alma aprisionada. Somente os olhos são capazes de chorar.
O líquido salgado e esplendoroso é a mente um confisco, de que as pedras pertencem a seres, que respiram, vivem e sabem que por meio delas podem o mundo exaltar. Pedras que nos fazem humanos e induz o sangue a pulsar.

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