sábado, 13 de novembro de 2010

A Triste História de Olíria I


[A apresentação]
Era uma doce menina, esta tal de Olíria.
Pequena em estatura, repleta de formosura.
Pensava grande, mais alto que a colina Escura.
Lá da cidadela que residia, encantadora era Olíria.

O pai, homem ferrenho e pouco acalentador.
Nada possuía na vida e perdera também o amor
Era fiel, vigoroso e muito trabalhador.
Como tal homem no mundo, jamais viu-se outro Antenor

Acordava cedo e dizia:
Apresse-se menina, a noite já virou dia.
Puxava-lhe pelo braço acanhado, resmungando.
Do quarto abafado, trazia-a arrastando.

Triste vida a da menina; pobre Olíria.
No entanto a garota, da vida somente ria.
E pensava consigo mesma: Hoje sou apenas Olíria,
Um dia eu me vou e terei minha alforria.

Ah... Quanta inocência, possuía a criança.
Se soubesse ao menos regar a flor da esperança
Se soubesse ao menos, que para sua prisão na há fiança.
E que seu nome é Olíria. O lírio de Boa Esperança.

Quando a menina passava, todos se alvoroçavam.
O povo da cidadela admirava a beleza
O moço da padaria, rapidamente fazia a mesa.
Já a moças da esquina, de corpo de fora choravam.

Mal sabia Olíria, que todos a invejavam.
Queriam ser como ela, em todo seu rebolado.
Uma forma tão discreta, de mostrar o outro lado.
Aquele que sempre escondia de todos que a olhavam.

Os cidadãos de Boa Esperança admiravam a complacência
Via-se nela, a linda Olíria, tão grandiosa decência.
Que o Padre, da Igreja de Santa Clemência
Chamou para a missa rezar, e assim deu-se o nome de Olíria Clemência.

Clemência era o que pediam os rapazotes de Boa-Esperança
Que corriam para Igreja, com olhos brilhantes de criança.
Aplumados como pedia a circunstancia.
Enquanto Olíria reagia com sutileza e bonança.

O lírio de Boa Esperança era branco como o leite
O cabelo escorrido da cor de um novo azeite
Olhos de luxúrias, uma cama que não há que não deite.
Um corpo aceso, para que toda imaginação se deleite.

Olíria era a tradução do pecado em forma angelical
De seu olhar emanavam, o bem e o mal.
Dentro dela enclausurava-se o melhor carnaval.
Dentro dela enclausurava-se o anseio carnal.

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