sábado, 13 de novembro de 2010

A Triste História de Olíria III


[O fim]
Um dia à tarde, quando andava no Pelourinho.
Encontrou-se com um moço, de terno e colarinho.
Percebeu então Olíria, que queria algo maior.
Mais alto que o Elevador Lacerda ou o Dique de Tororó

Olíria pôs perdidamente a refletir
Como obter tudo que cobiçava alcançar?
Percebeu que era bela, e podia isso usar.
Bastava apenas ser esperta e fingir

Errou. E de veras por falta de inocência
Logo isso que diziam ser, a sua essência,
Andava só, e não sabia para onde ir, onde andou.
Vivia por prazer, e vivia de querer, só querer.

Era uma doce menina, esta tal de Olíria.
A Bahia lhe ensinara, e ela sempre sorria.
Foi assim, com doçura e alegria.
Que encontrou o moço que por ela morreria.

Mas era paupérrimo, o filho de D. Francisca.
Também belo, como outro não há na Bahia.
As meninas da cidade, o adoram até quando pisca.
Todavia, para a bela Olíria, o moço nem existia.

Olíria, o lírio, vendera a alma e a pureza;
O que buscava era apenas dinheiro e riqueza.
Há... Olíria, por que tanta ganancia e tanta fraqueza?
O único amor que conhecia era à luxúria e beleza.

Então casou-se com Arlindo, que de lindo nada tinha;
Possuía poder, que provinha de jogatinas.
Vivia como rainha, e mandava por mandar.
Mas a noite, quando sozinha, sentia falta de amar.

Sentia-se incompleta, a praia sem mar.
Um choro interno e contínuo, sem uma lágrima derramar.
Ponderou e percebeu que nada mais tinha a impetrar
Chegara ao topo da vida, era hora de retornar.

A noite cobriu o céu, sem uma estrela para enfeitar.
Olíria, o lírio de Boa Esperança, retirou o anel, de seu dedo anelar.
Tomou uma pequena maleta, que Rosilda, ajudara-a preparar.
Guardou ali seus sentimentos, a solidão e o desejo de amar.

Viajou. De volta à terra que nascera para uma última missa rezar.
Na Igreja de Santa Clemência, fez sua confissão.
O padre viu-a com olhos humanos, concedeu-lhe o perdão.
Poderia agora morrer, para enfim descansar.

De fato Olívia viveu muitos verões a se contar.
Voltou a ser Olíria de Boa Esperança, que olhos fazia brilhar.
E quando partiu da vida, levou com sigo a experiência.
De ser santa e humana, agora é chamada Santíssima Olíria Clemência.

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