sábado, 13 de novembro de 2010

A Triste História de Olíria II


[A fuga]
Era uma doce menina, esta tal de Olíria.
Apenas alguém discordava, D. Maria.
Uma senhora mestiça, afeiçoada pela feitiçaria.
Que dizia ver em Olíria Clemência, arrelia.

Olíria mal suspeitava, que fora descoberta
E que traria tanta tristeza, para mãe Alberta.
Olíria mal suspeitava, do que viria a seguir.
Encontrara enfim um jeito de fugir;

Seu Agripino, um velhote leviano.
Propusera um acordo, que mais parecia um engano.
Levaria Olíria Clemência, para São Juliano.
O mais conhecido convento, daquele povo baiano.

Olíria intimidou-se a tratar com o senhor
Mas sabia que precisava de um bom logrador
Alguém que ajudasse a escapar do terror
Que estivesse disposto a leva-la à Salvador.

Quando a noite virou dia
Olíria levantou-se, e nada houve de gritaria
Mal se despediu da família, coração acelerado do peito fugia.
Era tanta sede de vida, que nenhum um obstáculo saciaria.

E quando o lírio de Boa Esperança passou pela cidadela
Viam-se olhos tristes de meninos, que choravam na janela.
Na Igreja de Santa Clemência, todos clamavam por ela.
Vai-se ao longe Olíria, a alma pura e a moça bela.

Olíria não queria ser santa, nem tão pouco era.
Queria mesmo ser feliz, viver em outra esfera;
Iria prostrar-se em um altar da luxúria
Ninguém a veria como um anjo de alma pura.

O lírio de Boa Esperança deflorara sem amor
Perdera o aroma suave, deixara de ser flor.
Os campos quais percorria, traziam-lhe vigor.
Sentia-se filha da terra, amante de Salvador.

Não havia mais Olíria Clemência
Somente a Baía de Todos os Santos.
Que a presenteavam, cada um com seu manto.
Junto á liberdade perdeu-se santidade, perdeu-se a inocência.

O toque do ar, a água e o povo;
Tudo era belo, tudo era novo.
Nada de Santa Clemência ou de Antenor
Cada dia que vivia era melhor que o anterior.

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