sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Areia Movediça


Passos lentos e vadios.
Deixo impressos no chão
Pés cansados, contudo sadios
Apontando minha direção

A fina areia molhada
Embevece minha emoção
Entre os dedos, perpassada.
Desprende a suave canção

Ouço as ondas imponentes
Alcançando meus passos,
Apagando eternamente.
Os momentos já escassos

Os pés são levados
Ao fundo do mar audaz.
Vou perdendo meu passado
A lembrança é fugaz.

A brisa toca minha face
Banha as lágrimas sem cessar;
Enriqueço o disfarce
Intentando não se deixar notar.

Não consigo me conter
E detenho-me bruscamente
É preciso desfazer
Retirar o elo da corrente;

É justo ao meu ser
Encontrar o esquecimento?
Poderia eu viver,
No asco de tal julgamento.

Compreendo a frigidez
Presente em tal ato.
É insana a acidez
Que compõe nosso abstrato.

Sopeso o infinito mar
Com cólera na consciência
Jamais poderei frear
O fim de minha existência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ao meu entendimento, é como se a areia movediça fosse como a linha do tempo. Ao darmos o passo a diante, logo, o passado fica para trás. A areia ao ser pisada afunda e se reconstitui...

"Os pés são levados
Ao fundo do mar audaz.
Vou perdendo meu passado
A lembrança é fugaz".

Mas deve ser viagem minha....RSr.

Paulo.