sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Deleite em Devaneio


Quero o cálice e me embebedar
Quero dar fim a futilidades e me libertar
Ser como a nuvem, que ama o sol
Ser como a isca, que odeia o anzol

Partilhar insanidades com o bêbado da esquina
Encontrar moralidade em uma jogatina
Esquecer os convencionalismos, ser eu de verdade.
Perde-me em agonia, para provar a vaidade

Busco resposta em uma fenda sem fim
Aprendo aos poucos, que viver é assim
À procura eterna de algo inumado
Por mais que se escave jamais é encontrado.

Provar da loucura e em faces febris
Deixar que o delírio torne-nos sutis
Sentir que o sangue pulsa arduamente
Forçar que os sentimentos aflorem na mente

Ter tudo em mãos e de repente perder
Entender que posso querer e não ter
Ver que a vida é só ilusão
Saber que de nada me serve a razão

Lançar-me a cama com uma meretriz
Fazer de mim mesmo o juiz
Trancar a porta do meu labirinto
Deixar que meu guia seja o instinto

Encontrar o País das Maravilhas
Trocar dinheiro por um saco de ervilhas
Ver um príncipe encantado
Voar sobre os montes em um cavalado alado

Todas as fantasias a loucura me propõe
Deixa-me livre, como a vida supõe
Gozar da vitoria antes da batalha
Coisa qualquer que para mim valha

Doce e promiscuo é o delírio
Belo, como um vale de lírios
Sinuoso como o desejo
Irritante como um cotejo

A insanidade é o bem da alma
Que em mansidão, cura a tormenta
De forma indolor e lenta
Devolve-me a calma

Libertar-se em devaneio
É encontrar um frágil meio
De sofrer sem se calar
E a vida suportar

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