
Quero o cálice e me embebedar
Quero dar fim a futilidades e me libertar
Ser como a nuvem, que ama o sol
Ser como a isca, que odeia o anzol
Partilhar insanidades com o bêbado da esquina
Encontrar moralidade em uma jogatina
Esquecer os convencionalismos, ser eu de verdade.
Perde-me em agonia, para provar a vaidade
Busco resposta em uma fenda sem fim
Aprendo aos poucos, que viver é assim
À procura eterna de algo inumado
Por mais que se escave jamais é encontrado.
Provar da loucura e em faces febris
Deixar que o delírio torne-nos sutis
Sentir que o sangue pulsa arduamente
Forçar que os sentimentos aflorem na mente
Ter tudo em mãos e de repente perder
Entender que posso querer e não ter
Ver que a vida é só ilusão
Saber que de nada me serve a razão
Lançar-me a cama com uma meretriz
Fazer de mim mesmo o juiz
Trancar a porta do meu labirinto
Deixar que meu guia seja o instinto
Encontrar o País das Maravilhas
Trocar dinheiro por um saco de ervilhas
Ver um príncipe encantado
Voar sobre os montes em um cavalado alado
Todas as fantasias a loucura me propõe
Deixa-me livre, como a vida supõe
Gozar da vitoria antes da batalha
Coisa qualquer que para mim valha
Doce e promiscuo é o delírio
Belo, como um vale de lírios
Sinuoso como o desejo
Irritante como um cotejo
A insanidade é o bem da alma
Que em mansidão, cura a tormenta
De forma indolor e lenta
Devolve-me a calma
Libertar-se em devaneio
É encontrar um frágil meio
De sofrer sem se calar
E a vida suportar
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