quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Rua da Finitude


Trago na face traços
Maculas da vivência;
Nos enfadonhos braços
O peso da vida é uma incumbência.

Trago nos olhos paciência
Digna do ser senil.
Olhos densos de experiência
Distantes do vigor juvenil.

Marcas profundas e esguias
Povoam o rosto de plenitude
Surgindo todos os dias
Moradoras da Rua Finitude.

Sua moradia simplória
Distante de qualquer glória.
Encontra-se ao fim da Rua.
Além da casa dos 80, flutua.

A encolhida serenidade
Repousa na alma anciã
Coberta de liberdade
Acrescida toda manhã

Acolho no peito a vida
Outrora repleta de esplendor
O desgaste da lida
Substituiu-a por um doce amor

Tempo como és doce.
Se amargo fosse
Cessaria de provar.

Tempo como és breve.
Corres de leve
Sem nada espreitar.

Aprendi! Amiga Hora.
Se não viver o agora
Nada há de restar

As maculas em mim remanescentes
Formam caminhos serenamente
Todos prontos a trilhar

As mãos enrugadas de sabedoria
Refletem a alegria
De quem tem a ensinar

A tal envelhecida alma
Florescida de calma
Vê sutilmente o fim se aproximar.

Compreendo em meu reflexo
O momento tão complexo
Não tardará chegar.

Como flor colhida da terra.
A existência se encerra
Quando o exausto coração estancar.

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