domingo, 14 de novembro de 2010

Guerra


Avante prevejo outra grande construção
A morte da liberdade e o fim da canção.
Sigo caminhando, sem sentir o chão.
Em vida, há formas, ou será imaginação?

O medo traça a Constituição de um novo mundo
Cidadãos escoltem as leis, e levantem muros.
Professem a mentira de lares seguros;
De fortalezas e prisões, circundo.

As placas e os sinais, uma vida tão distante.
Marcas de sangramentos, receitas de coagulantes.
Punhos cerrados em grades, gritos de espanto.
As bancas são vermelhas e os jornais túmulos sacrossantos.

Prédios desmoronam, como as famílias banais.
Os escombros soterram crianças e absorvem os ais.
Tantas vidas sãs ceifadas e há presságio de muitas mais.
Estruturas abaladas, pessoas como navios sem cais.

A negra noite inunda o deserto de secas vidas.
Os olhos profundos, inseridos em um mundo que trucida.
Escravos químicos, sem algemas, vagueando sem direção.
Á esmo procuram quem lhes dê vida e arranque a maldição

Sarcófagos abrigam jovem Reis, que morreram na guerra.
Um inimigo invisível, invadindo toda Terra.
Nações sem governo, abastecidas de dor.
Corpos sem leitos, desejo deflagrador.

Descansam sob o chão frígido e lacrimejado
Sonhos de uma grande e pávida multidão;
Regados à dor, crescendo pranteados.
Nutridos pela dedicação.

Avante prevejo uma muralha imensa, a grande proteção.
Mas, o inimigo pelo qual se trava a batalha suplantou o coração.
Ela não resguardará o homem, de seu destino, de sua ignorância.
Não há o que vença quando o oponente é um desatino, cujo nome é ganância.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo poema, faz uso perfeito das palavras.
"Sarcófagos abrigam jovem Reis, que morreram na guerra"

Como disse Cazuza em uma de suas musicas: " As guerras são tão tristes e não tem nada de mais"



PAulo