sábado, 14 de agosto de 2010

Dádiva


A ilusão do sonho
Surge-nos á grande ganho
Inflama n’alma o amor.

É como ave que paira no céu
Sem cessar
Flor que desabrocha no chapéu
Jamais irá retornar
Água que declina do véu
Vindo á terra reinar
Amargo como o fel
Doce como o luar

A ilusão do sonho
Afaga em mim a dor
Em seu desvairado banho
Assolar-me de esplendor
Inflama o corpo ao amor.

Como tinta e papel,
No risco sonhador
Dedo e anel,
Na beleza e torpor
Abelha e mel,
Alimento e criador.

Sonho! Como me modificas.
Agrega valores, edificas
Dá benção ao sofredor.
Teu lampejo extirpador
Recolhe a alma descrente.
Devolve a nossa gente
O caráter de vencedor.

Sonho! É tu dádiva.
Para a multidão pávida
Que o medo criou.
A luz que reprime as trevas.
Dos inúmeros Adões e Evas,
Homens imprudentes, que a terra formou.

Vejo longínqua a semente.
Crescendo em nossa mente
De futuro e menos dor.
Sorrio alegremente
Vendo que em nossa gente
Retorna ao peito o amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse poema me lembra um trecho de uma música:
"Somos quem podemos ser"
"Sonhos que podemos ter".

O Sonho nos dá o que mais almejamos.
Apesar de ilusório, como você mesmo diz,é a melhor forma de nos distanciarmos de uma realidade um tanto quanto cruel.

Sonho! É tu dádiva.

Paulo.