sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Leito de Dor


Desço a rua, sobre pés que não domino.
Deixo-me levar. De domingo a domingo
Vejo as tardes, elas correm no ar,
Sinto no peito a dor, de vê-las passar.
Preencho o vazio que o tempo formou,
Rugas envoltas de um par, que muito chorou.

O sangue é o que pulsa vitorioso.
Inerte em um corpo há muito glorioso,
Tudo se transforma em borrões e uivos.
Dores, que dilaceram a alma.
A pior delas, a mente acalma.
O temor é mais pesaroso,
Corrói, até o sonho mais fervoroso.

Lágrimas secas, o inverno chegou,
A briga ferrenha. Permaneço e não vou.
Preparações contidas, veladas na memória,
Resguardadas e afundadas na parede da glória.
Sobre os olhos, um véu transpassado.
No dia que estes se selarem, viver é passado.

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