
Lá estava ela. Com os mesmos olhos tristes de toda vida,
Formando par com o corpo coberto de dilacerações.
Enterrados e sobrecarregados com tantas feridas
Extravasando no sangue rubro a morte das sensações
Em seu luto encoberto jazia o sonho,
Que os olhos tristonhos amavam entoar
Um resoluto sentimento enfadonho.
De vez ou outra ser adorada e ensinada a amar.
Era moça de sorrisos, com a alma de pescador,
Margeando o rio da felicidade com um barquinho de papel.
A menina delicada, com o rosto coberto pelo véu do ardor
Vivendo das graças e desonras da Senhora do Bordel.
Uma morte rude e irônica, a partida mal chorada.
Abrigado na Terra dos Desejos há um corpo em distinção,
Maldito e pecaminoso, descansando na despedida pouco lamentada.
Da moçoila que não possuía restrição.
O enterro vazio, com precários frequentadores e uma vaga lamentação,
Encerrava a abrasadora vivência de um ser ávido por compreensão.
Entregue ao sopro da luxúria, ostentando a esperança,
De que alguém com que partilhou a cama, lhe carregue na lembrança.
Um comentário:
Muito bem escrito..
Mais um relato sobre a realidade.
Paulo.
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