sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Prostituta


Lá estava ela. Com os mesmos olhos tristes de toda vida,
Formando par com o corpo coberto de dilacerações.
Enterrados e sobrecarregados com tantas feridas
Extravasando no sangue rubro a morte das sensações

Em seu luto encoberto jazia o sonho,
Que os olhos tristonhos amavam entoar
Um resoluto sentimento enfadonho.
De vez ou outra ser adorada e ensinada a amar.

Era moça de sorrisos, com a alma de pescador,
Margeando o rio da felicidade com um barquinho de papel.
A menina delicada, com o rosto coberto pelo véu do ardor
Vivendo das graças e desonras da Senhora do Bordel.

Uma morte rude e irônica, a partida mal chorada.
Abrigado na Terra dos Desejos há um corpo em distinção,
Maldito e pecaminoso, descansando na despedida pouco lamentada.
Da moçoila que não possuía restrição.

O enterro vazio, com precários frequentadores e uma vaga lamentação,
Encerrava a abrasadora vivência de um ser ávido por compreensão.
Entregue ao sopro da luxúria, ostentando a esperança,
De que alguém com que partilhou a cama, lhe carregue na lembrança.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem escrito..
Mais um relato sobre a realidade.




Paulo.